Trocar 6 por meia-dúzia
Como são frágeis os instrumentos de
que dispõe a República Federativa do Brasil para se tornar um Estado sério. A
imensa estrutura do sistema Justiça – aqui incluídas as Polícias, a Defensoria
Pública, o Ministério Público, o Judiciário, as Procuradorias, a Segurança
Pública e a administração penitenciária, além da imensa legião de advogados –
não tem sido suficiente para erradicar – ou ao menos mitigar – aflições
crônicas e aparentemente insolúveis.
A exclusão talvez seja a maior
mácula tupiniquim. A desigualdade social. Escancarada pela fome e pela
insegurança alimentar. A falta de empregos e de perspectivas. A inflação, que
voltou galopante. Os orçamentos secretos. Os “Fundões” Partidário e Eleitoral.
Com a tecnologia disponível, porque esses quase seis bilhões desperdiçados,
enquanto o povo passa fome?
A deliberada destruição do maior
patrimônio brasileiro, que é sua floresta, seu verde, sua biodiversidade, sua
orla, hoje toda ocupada pela especulação e poluída. O extermínio dos indígenas.
A proteção aos grileiros, aos exploradores de minério em demarcações.
As viagens nababescas de autoridades
dos três poderes. É o povo quem paga ou os interessados naquilo que é obrigação
de um servidor público, ainda que esteja no ápice da pirâmide? O sigilo
decretado nos cartões corporativos. As ameaças à mídia. O boicote às nações que
querem ajudar a preservação da Amazônia. As ofensas a países estrangeiros que
só querem e pretendem ajudar o Brasil a sair do subdesenvolvimento.
Os escândalos se avolumam. A
corrupção corre solta. Uma corrupção que começa bem indigente, aquela típica a
quem não enxerga o ridículo de explorar carentes e desfavorecidos, mas que
ganha corpo e se entranha em todas as maiores estruturas estatais.
As duas maiores máculas da
desfaçatez que se instaurou na República estão na Educação e no Meio Ambiente.
Quando se descobre a malversação da mais importante política pública, a
educação, deixa-se no comando alguém que participou dos descalabros. Quanto ao
Meio Ambiente, a queda do autor do “solta a boiada” não arrefeceu o clima de
terror no desmatamento, na grilagem, nos incêndios criminosos. Ao contrário!
Tudo lamentavelmente aumentou! Pobre Brasil, especialista em trocar seis por
meia dúzia.
José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da
ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.
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