O pior inimigo
Fonte: Reflexão de Boa Vontade
extraída das "Sagradas Diretrizes Espirituais da Religião de Deus, do
Cristo e do Espírito Santo", segundo volume, de 1991.
Enquanto muitos aguardam satanás na
figura de um monstro terrível, ou até apontam seres humanos de destaque
internacional, ou nações, como sendo a própria encarnação do demônio, o
“Maligno” vai, de forma sub-reptícia, utilizando armas bem mais sutis do que o
tridente. Sobre a mais cruel de todas elas nos fala Neio Lúcio, na
psicografia de Francisco Cândido Xavier (1910-2002), em “O
pior inimigo”*:
“Um homem, admirável pelas qualidades
de trabalho e também pelas formosas virtudes do caráter, foi visto pelos
inimigos da Humanidade – conhecidos pelos nomes de: ignorância, calúnia,
maldade, discórdia, desânimo, preguiça e vaidade –, os quais se reuniram para
tramar entre si e liquidar aquele homem, levando-o à derrota definitiva.
“O honrado trabalhador vivia feliz
entre companheiros e familiares, cultivando o campo, rendendo graças ao Senhor
Supremo pelas alegrias que desfrutava no contentamento de ser útil. Então, a
ignorância começou a cogitar de persegui-lo, apresentando-o ao povo como um mal
observador das obrigações da religião: ‘que ele se insulava, ele se fechava,
cheio de ambições desmedidas para enriquecer à custa do alheio suor. Na
verdade, não tinha fé, nem respeitava os bons costumes’, e outras coisas
mais...
“O lavrador recebeu as notícias do adversário
que operava, de longe, sorriu calmamente e falou com toda a sinceridade: ‘A
ignorância está desculpada’.
“Surgiu, então, a calúnia e o
denunciou às autoridades como espião: ‘Aquele homem vivia quase sozinho para
melhor se comunicar com a vasta quadrilha’. O serviço policial tratou de fazer
averiguações minuciosas e, ao término do inquérito vexatório, a vítima afirmou,
sem ódio: ‘A calúnia, coitada, estava enganada’. E passou a trabalhar com
dobrado valor moral.
“Logo depois, veio a maldade. E esta
o atacou de mais perto. Principiou a ofensiva incendiando-lhe o campo. E
destruiu-lhe milharais enormes, prejudicou-lhe a vinha, poluiu-lhe as fontes.
Todavia, o operário incansável, reconstruindo para o futuro, respondeu,
serenamente: ‘Graças a Deus que contra as sombras do mal eu tenho a luz do
Bem’.
“Reconhecendo os perseguidores que
haviam encontrado um homem robusto na fé, deram instruções à discórdia, que
passou a assediá-lo dentro da sua própria casa. Provocações o cercaram de todos
os lados. E, a breve tempo, irmãos e amigos da véspera o condenaram ao
abandono. O servo vigilante desta vez sofreu muito, mas ergueu os olhos para o
céu e falou: ‘Ah, meu Deus e meu Senhor, estou sozinho! Entretanto, continuarei
agindo e servindo a todos em Teu nome. A discórdia está desculpada. E será por
mim esquecida’.
“Mas logo a seguir chegou a vaidade e
o procurou nos aposentos particulares, afirmando: ‘És um grande herói!
Vencestes aflições, grandes batalhas. Serás apontado à multidão na auréola dos
justos e dos santos’. Mas o trabalhador, humilde e sincero, repeliu a vaidade.
E declarou, imperturbável: ‘Quem sou eu?! Sou apenas um átomo que respira. Dona
Vaidade, toda a glória pertence a Deus’. A vaidade se ausentou contrariada, com
grande desapontamento.
“Então, entrou a preguiça com seu
jogo.
“Acariciou-lhe a fronte com mãos
suaves e afiançou: ‘Meu filho, para que tanto sacrifício?! Vamos repousar?...
Estás perdendo os melhores anos da tua vida! Vamos repousar…’ Contudo,
vigilante, o lavrador replicou, sem hesitar: ‘Não, Dona Preguiça, meu dever é o
de servir em benefício de todos até o fim da luta’.
“Afastando-se a preguiça, derrotada,
compareceu o desânimo. Não atacou nem de longe nem de perto, não sentou na
poltrona para conversar nem lhe cochichou coisa alguma ao ouvido. Tratou de
entrar no coração do operoso lavrador. E depois de se instalar bem lá dentro
começou a perguntar: ‘Esforçar-se para quê? Servir por quê? Então não vê que o
mundo está repleto de colaboradores mais competentes? Que razão justifica
tamanha luta? Quem o mandou nascer nesse corpo não foi o próprio Deus? Então
não será melhor deixar tudo por conta Dele? O que é que está esperando? Sabe
acaso o objetivo da vida? Apesar de tanto trabalho todos estão contra você!...
E não se lembra de que a morte destrói tudo, hein?!’.
“O homem valoroso e forte, que tinha vencido tantas batalhas, começou a ouvir as perguntas do desânimo, deitou-se um pouco e passou cem anos sem se levantar”
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* “O pior inimigo” — Essa página, de autoria de Neio Lúcio (Espírito), está publicada no livro Alvorada Cristã.
José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É
diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV
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