Quem irá proteger nossas crianças?
A população mundial volta a viver momentos de
apreensão e muita insegurança com o recrudescimento da pandemia da COVID-19,
provocada pela variante ômicron, de grande potencial de contágio. A situação se
agrava pelo fato de vivermos também o aumento exponencial de casos de gripe,
causada pelo vírus Influenza, denominado H3N2-Darwin, que sofreu mutação antes
do novo ciclo vacinal e se prolifera por conta da baixa cobertura vacinal da
população.
Por essa razão, reuniões e eventos voltaram a ser
cancelados ou restringidos. Além disso, se amplia a preocupação com as nossas
crianças com menos de 12 anos, público que ainda não conta com proteção
vacinal. Nos Estados Unidos, desde dezembro, há relatos de aumento de até 59%
no número de internações de crianças, a maioria por COVID-19. No Brasil – cujos
controles estatísticos são mais frágeis – o cenário se repete, criando enorme
sobrecarga dos serviços de saúde, em proporção semelhante aos piores dias da
pandemia em 2020 e 2021.
Há uma semana, escrevi um artigo apontando as
contradições do secretário da Educação, Rossieli Soares, e também do governador
João Doria, que fizeram declarações de apoio à vacinação das crianças, até com
promessa de que seriam vacinadas dentro das unidades escolares, mas que mantêm
desde o início da pandemia uma postura de forçar aulas e atividades presenciais
nas unidades escolares. Isso causou pelo menos 3 mil casos de Covid 19 e ao
menos 108 mortes, segundo levantamento parcial da APEOESP entre fevereiro e
agosto de 2021.
Pois bem, nesta semana ficou confirmado que
realmente o que os responsáveis por esse governo falam não se escreve. E eu
havia dito isso no meu artigo. Depois de gargantear que era favorável à
vacinação imediata de crianças, João Doria, por meio do secretário de Estado da
Saúde, Jean Gorinchteyn, decidiu não condicionar a volta às aulas das crianças
às atividades presenciais em 2022 nas escolas à vacinação deste segmento.
É, de novo, uma conduta deliberadamente
irresponsável e criminosa! A vacinação nessa faixa etária é não apenas
importante, mas altamente necessária. Muitos especialistas, e até mesmo
articulistas nos meios de comunicação, alertam para a possibilidade de uma
grande alta de casos de COVID-19 com a volta de milhões de crianças às escolas
a partir de fevereiro.
Onde está Rossieli Soares, secretário de Educação?
Por que o secretário da Saúde está tomando decisões e anunciando esse tipo de
medida, sem que o secretário da Educação, responsável pela gestão de quase
quatro mil escolas em todo o estado, locais com grande possibilidade de
contágio, sequer se pronuncie?
É tudo um jogo de cena? Não há respeito pela saúde
das nossas crianças. O que se pretende? Que a variante ômicron continue a se
disseminar, numa espiral sem fim? Qual é, então, a diferença do governo Doria
para o de Jair Bolsonaro? Falta seriedade, sensibilidade, empatia. Só quem já
teve filho ou filha doente, internados em hospitais, sabe o tamanho dessa dor.
Não ficaremos em silêncio! Vamos utilizar todos os
meios ao nosso alcance para que as crianças só retornem às escolas com a
vacinação.
Professora Bebel é presidenta da APEOESP, deputada
estadual pelo PT e líder da bancada do PT na ALESP
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