Tomei losartana por 30 anos
Durante trinta anos consumi losartana potássica mais hidroclorotiazida, 50 mg + 12,5 mg pela manhã e losartana potássica 50 mg à noite. Ambas do laboratório Medley.
Eis senão quando, vejo meia página
da mídia espontânea fazendo “recall”. Suspeita de que o medicamento poderia ser
cancerígeno.
A empresa farmacêutica Sanofi Medley
anunciou que recolheria do mercado os lotes desse remédio de que todos os que
sofrem de hipertensão se utilizam.
Mais nada. Ainda fui à farmácia mais
próxima, com a intenção de devolver as caixas de que ainda disponho. Não
receberam.
São coisas que assustam. Como é que
uma empresa chega ao ponto de produzir medicamentos com impurezas causadoras de
mutações e aumentar o risco de câncer?
Depois dessa publicação, nada mais. É fácil dizer que é preciso tomar cuidado ao interromper a medicação, porque a descontinuidade abrupta é maior do que o risco potencial apresentado pela impureza. Mas o paciente fica alarmado e com razão.
Essas ocorrências deveriam ser
imediatamente corrigidas mediante recolhimento ou indicação de lugares para que
os consumidores pudessem entregar seus lotes e, com toda a legitimidade,
receber produto análogo, adquirido pela empresa a outro laboratório.
Veja-se que a propalada “defesa do
consumidor” resta bem abalada nesse caso. Uma publicação de meia página. Quem é
o leitor assíduo dos jornais. Uma parcela esclarecida da população. Mas a
pressão alta não escolhe a sua clientela preferencial. Ela acomete pobres,
miseráveis, desempregados, analfabetos, carentes de toda a sorte.
São exatamente esses os que
mereceriam cuidado especial por parte de quem está no mercado e se sujeita às
vicissitudes que ele acarreta.
Enfim, como fica aquele hipertenso
que durante três décadas foi assíduo comprador de losartana, consumiu-a regular
e religiosamente, recebe esse aviso que, por acaso, foi lido. Não conseguiu
devolver a quantidade de comprimidos que já havia adquirido, pois remédio de
uso contínuo e fica sem saber o que fazer, além do justificado receio de estar
mais sujeito a ter câncer do que os demais?
Existe mesmo o Código de Defesa do
Consumidor brasileiro?
José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da
ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.
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