O remédio é sonhar
O sonho é importante para a
sobrevivência? Sidarta Ribeiro diz que sim. Ele já escreveu “Sonho
Manifesto-Dez exercícios urgentes de otimismo apocalíptico” e “O oráculo da
noite”. Para ele, os sonhos são geradores de cenários e soluções e se alicerçam
na experiência do sonhador.
Quando se sonha, a mente recruta
áreas cerebrais relacionadas com empatia, o lado bom de nossa natureza. Isso
compensa nossas inclinações violentas, pois também as temos. Herança atávica de
nossas origens.
Sidarta acompanha angustiado a
“explosão vertiginosa do sofrimento planetário”, marca melancólica destes
tristes tempos que nos foram reservados para peregrinar pela Terra. “Superar
essa explosão de sofrimento através de uma expansão de consciência é a tarefa
das gerações que estão vivas agora – e para isso precisamos reaprender a
sonhar, tanto metafórica, quanto literalmente”, ele diz numa entrevista a
Marcelo Leite (FSP, 8.5.2022).
O sonho é aquela mágica viagem que
se faz durante o sono, mas também é a metáfora para idealizar um futuro melhor.
O autor entende que o mundo precisa de mais cooperação para se salvar. Para
ele, se as dez pessoas mais ricas do planeta tivessem atuado, o mundo não teria
perdido tantas vidas na pandemia da Covid19. Pois “desde o paleolítico, os
seres humanos vêm se distanciando dos outros animais pelo aumento progressivo
da capacidade de cooperar. A ética do cuidado foi tão ou mais importante para o
sucesso da nossa linhagem quanto a ética da competição”.
O problema do mundo não é escassez,
mas falha na distribuição de bens materiais e de bens intangíveis. “Dinheiro em
excesso é tóxico e causa dependência, e é possível presumir que os cerca de
três mil bilionários do planeta estão, com poucas e honrosas exceções,
totalmente dependentes de dinheiro”. Eles poderiam investir 99,9% de suas
fortunas em causas altruísticas e continuariam a viver de forma esplêndida. Mas
o não fazem e “o vício do dinheiro traz ansiedade, depressão, solidão, paranoia
e enorme medo da morte. A civilização humana adoradora do deus dinheiro está
doente e precisa de cura”.
A vida é curta e para os ricos
também. Acumulam e deixam conflitos para os descendentes e sorte para os
advogados que os representarem no espólio. O remédio é sonhar. Sonhar é
preciso.
José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL,
docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS
– 2021-2022.
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