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Santa Bárbara,22/09/2025

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José Renato Nalini

A trama das árvores

Imagem divulgação
A trama das árvores         José Renato Nalini é diretor da Uniregistral, docente da Uninove e secretário da Academia de Letras

OBrasil ainda tem árvores milenares. São poucas, mas existem. Resistiram à sanhadendroclasta dos fabricantes de desertos. Somente a ignorância disseminada naRepública onde setenta por cento de seus habitantes são analfabetos funcionaisé que justifica o desmatamento.

 

Osnegacionistas do ogronegócio, não do agronegócio saudável, que tem noção danecessidade de cobertura vegetal nativa para o bom desenvolvimento do cultivo, deveriamler o livro “A Trama das Árvores”, escrita pelo escritor Richard Powers. Eleabandonou o seu emprego na Universidade Stanford para ir morar no parque GretSmoky Mountains, no leste dos Estados Unidos e se pôs a estudar as matas de seupaís.

  

Alitambém, quase cem por cento – mais exatamente, noventa e nove por cento – dafloresta primária original foi cortada. Existem minúsculos nichos que podemmostrar como a mata já foi. E ali se respira outro ar, sentem-se outros aromas,os sons indicam a vida silvestre. Um outro ambiente, completamente diferente danociva convivência nas cidades impregnadas de gás carbônico e outros venenosque vão causar o efeito estufa e provocar cataclismo ambiental.

  

Olivro que Powers escreveu é um romance com oito histórias paralelas ao longo dedécadas e de séculos. Foi publicado em 2018 nos Estados Unidos e mereceu oPrêmio Pulitzer de ficção, além de ter vendido mais de dois milhões deexemplares pelo mundo.  E a originalidadeestá em que as plantas são as personagens. O livro reproduza história dainterdependência e da rede de reciprocidade que existe no mundo.

  

Paraele, “não podemos entender a nós mesmos se não for em alinhamento com nossosvizinhos não humanos. Não somos uma história separada e não podemos nos narrarassim”.

 

Osignorantes não respeitam as árvores. E elas estão aqui há quatrocentos milhõesde anos, enquanto os humanos modernos estão aqui há, no máximo, duzentos milanos. A Terra é uma história de árvores há duas mil vezes mais tempo do que elaé uma história do bicho-homem.

   

Árvorenão é coisa. Árvore é vida. Quem mata uma árvore está acabando com a vida e,ainda que não saiba, apressa a sua própria partida deste planeta que noshospeda, a nós, inquilinos infiéis e traiçoeiros.

 

José Renato Nalini é Reitor daUNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo dasMudanças Climáticas de São Paulo. 



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