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Santa Bárbara,12/07/2025

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Dia Internacional do TDAH: especialistas alertam para sintomas em adultos que impactam rotina, trabalho e autoestima

Redação
Dia Internacional do TDAH: especialistas alertam para sintomas em adultos que impactam rotina, trabalho e autoestima Brasil tem 11 milhões de pessoas com o transtorno Créditos: Freepik

Adultos relatam dificuldades que vão da desorganização à baixa autoestima — e muitas vezes sem diagnóstico. Em 2024, a Doctoralia  registrou 51 mil buscas pelo termo TDAH. Só no primeiro semestre de 2025, já foram 34 mil, um aumento de 36%. No Brasil são cerca de 11 milhões de pessoas afetadas pelo transtorno 


Neste 13 de julho, Dia Internacional do TDAH, a atenção se volta para um tema ainda cercado de dúvidas: o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade na vida adulta. Embora geralmente diagnosticado na infância, o TDAH pode persistir por toda a vida, e afetar significativamente o cotidiano, as relações e o desempenho profissional. 


Em 2024, a Doctoralia - empresa do Grupo Docplanner e maior plataforma de saúde do mundo - registrou 51 mil buscas pelo termo TDAH. Só no primeiro semestre de 2025, já foram 34 mil, um aumento de 36%. Esse salto acompanha um dado global: até 20% da população pode ser neurodivergente, incluindo condições como TDAH, autismo e dislexia. “Os números mostram o quanto as pessoas estão buscando respostas”, afirma Flávia Soccol, Head Global de Patient Care da Doctoralia. “No meu caso, essa busca também é pessoal: descobrir a neurodivergência em minha família foi recente e transformador. Falar sobre isso é essencial para quebrar tabus e abrir espaço para mais acolhimento, empatia e informação.”


Segundo a Federação Mundial de TDAH, o transtorno afeta aproximadamente 5,9% dos jovens e 2,5% dos adultos, globalmente. 


Para que o TDAH seja diagnosticado, é necessário que os sintomas tenham surgido antes dos 12 anos de idade. No entanto, o reconhecimento do transtorno nem sempre acontece cedo: muitas pessoas buscam a primeira ajuda quando o transtorno passa a prejudicar o desempenho profissional, os relacionamentos e a organização da rotina diária. Aproximadamente 65% das pessoas diagnosticadas com TDAH na infância ainda apresentarão prejuízos significativos ao longo da vida.


O médico psiquiatra, Pietro Figueiredo Mylla, parceiro da plataforma Doctoralia, explica que ainda há quem associe o transtorno apenas a crianças inquietas, mas a realidade é que muitos adultos seguem enfrentando dificuldades significativas. “Na vida adulta, os sintomas de inquietação tornam-se mais raros. O TDAH passa a se manifestar, principalmente, como dificuldade em manter o foco.”


A Dra. Adriele Neves, médica psiquiatra, especialista em TDAH, também parceira da plataforma Doctoralia,explica que muitos adultos enfrentam os desafios do transtorno muitas vezes sem diagnóstico ou acompanhamento adequado. Nos adultos, o transtorno pode se manifestar de forma diferente e comprometer a vida profissional, pessoal e as relações sociais”,afirma a especialista. 


Sintomas e impactos no dia a dia 

De acordo com Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), entre 5% e 8% da população mundial apresenta Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Apesar dos sintomas aparecerem ainda no período do desenvolvimento, dos primeiros anos de vida até os 12 anos de idade, em alguns casos o diagnóstico preciso só acontece na fase adulta. Embora os sintomas sejam mais evidentes na infância, cerca de 60% das crianças diagnosticadas continuam apresentando sinais do transtorno na idade adulta — como como dificuldade para manter a atenção e se concentrar, assim como para organizar, planejar e executar atividades diárias, perda de objetos, dificuldade para manter horários, gerenciar dinheiro e controlar impulsos, relações instáveis, sono irregular, dentre outros.


Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil a prevalência de TDAH é estimada em 7,6% em crianças e adolescentes com idade entre 6 e 17 anos, 5,2% nos indivíduos entre 18 e 44 anos e 6,1% em maiores de 44 anos. No total, cerca de 11 milhões de brasileiros são afetados pelo transtorno, conforme levantamento divulgado em 2022. Segundo dados do Painel Brasileiro de Especialistas sobre Diagnóstico de TDAH em Adultos, 56% dos adultos relataram sintomas persistentes de hiperatividade e 62%, de impulsividade. No ambiente profissional, é comum a presença de desorganização, atrasos, esquecimento, falas impulsivas e baixa produtividade. Tarefas que exigem atenção prolongada ou oferecem recompensas a longo prazo costumam ser procrastinadas. 


O adulto com TDAH frequentemente desenvolve estratégias para compensar essas dificuldades, o que costuma dificultar ainda mais o reconhecimento da doença. Ainda assim, quando não tratados, esses sintomas podem colocar o paciente em riscos; sabe-se que adultos com TDAH têm maior probabilidade de se envolverem em acidentes de trânsito, por exemplo. “O TDAH no adulto acaba afetando diretamente a autoestima e a qualidade de vida da pessoa”, afirma o Dr. Pietro. O diagnóstico tardio deve ser considerado quando esses sintomas resultam em um sofrimento significativo ou quando impactam no funcionamento do indivíduo. 


“É uma condição que afeta a capacidade do indivíduo de planejar, priorizar e desenvolver tarefas do cotidiano, gerando graves consequências, como baixo desempenho profissional e uma sensação contínua de frustração, além de sentimentos de inferioridade e baixa autoestima”, destaca a Dra. Adriele.


Escola e identidade 

As experiências escolares vividas por quem tem TDAH tendem a deixar marcas duradouras. Reprovações, expulsões e transferências compulsórias são comuns, além do preconceito sofrido por parte de colegas e até professores. Essas vivências, segundo estudos, contribuem para o desenvolvimento de inibição social, dificuldade em expressar sentimentos e baixa autoestima. 


Apesar disso, alguns adultos relatam que a superação das dificuldades os ajudou a criar estratégias de enfrentamento e desenvolver maior autonomia.  


Diagnóstico e tratamento 

O diagnóstico do TDAH na vida adulta ainda enfrenta obstáculos. Muitas pessoas passam anos tentando entender por que têm dificuldade em manter empregos, relacionamentos ou mesmo uma rotina básica, sem saber que têm um transtorno neurobiológico.“Um dos grandes desafios é justamente diferenciar os sintomas do TDAH de outras condições mentais, emocionais ou de personalidade. Por isso, é fundamental buscar ajuda profissional especializada para o correto diagnóstico e o tratamento mais adequado”, orienta a Dra. Adriele. O tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir medicamentos, psicoterapia, mudanças comportamentais e no estilo de vida. 


Para a médica, o dia 13 de julho reforça a necessidade de quebrar o estigma e o preconceito, ampliar o acesso ao diagnóstico correto e oferecer apoio e acolhimento às pessoas que convivem com o transtorno. “A informação é a melhor ferramenta contra o estigma. Reconhecer o TDAH na vida adulta é abrir espaço para o cuidado e a empatia, para um melhor desempenho pessoal e profissional e uma maior qualidade de vida dessas pessoas”, finaliza a psiquiatra.


O Dr. Pietro afirma que reconhecer o TDAH na vida adulta é abrir espaço para a promoção da qualidade de vida. “É fundamental que o diagnóstico seja realizado por um profissional médico capacitado e que o tratamento proposto seja respaldado por evidências científicas", conclui o psiquiatra.





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