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Santa Bárbara,20/05/2024

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Chuva assassina

Chuva assassina


Comoquase tudo na vida, as coisas têm seu lado bom e seu lado mau. Chuva, porexemplo, é saudável para a vegetação e para renovar o abastecimento de água dosreservatórios, córregos e aquíferos. Mas também pode matar as pessoas. Quantasnão são levadas pela correnteza nas grandes precipitações pluviométricas? Mastambém existem os deslizamentos, as erosões, as destruições de estruturasfrágeis, que são aquelas habitadas pelos mais carentes.

 

Essachuva assassina tem se intensificado em virtude das mudanças climáticas geradaspelo aquecimento global. Pode parecer menos importante do que as mortescausadas pela pandemia, um episódio excepcional e que não foi bem administrado.Mas foram mais de quatro mil mortes – mais exatamente, foram quatro mil, centoe onze óbitos no Brasil. Uma média de 1 a cada 3 dias, em virtude dealagamentos, enxurradas, inundações, movimento de massa, tornado, vendavais,ciclones. Dessas mais de quatro mil mortes, mil quinhentas e onze ocorreram noRio de Janeiro. Isso foi apurado e comprovado pelo Atlas de Desastres noBrasil, do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional. E o ano de 2023ainda não entrou na conta. Nem se diga que foi um ano sem tragédias.

 

Emfevereiro, as chuvas de 18 e 19 atingiram São Sebastião e causaramdeslizamentos, principalmente na Barra do Sahy, o que ocasionou a morte desessenta e quatro pessoas.  


SãoPaulo tem, como programa da Secretaria Executiva das Mudanças Climáticas, oPPCV – Plano de Prevenção de Chuvas de Verão. Toda cidade precisaria contar comalgo semelhante. Pois tudo indica a intensificação de ocorrências quais osfenômenos extremos, hoje quase a fazer parte do que a narrativa chama de “novonormal”.

 

Aquiloque tem acontecido por culpa nossa – a omissão no trato da natureza – talveznão possa vir a ser eliminado. Mas, à impossibilidade de reverter o quadro dramáticodo planeta, é possível mitigar os seus efeitos. Há soluções macro, como drenagens,piscinões, retificações, obras de infraestrutura. Mas há soluções micro, quemuitos heróis anônimos praticam discreta, mas eficazmente.

 

Sea humanidade for detentora de uma parcela adicional de juízo, que tem faltadohá séculos, ela poderá deixar de chamar a chuva de assassina.

 

José Renato Nalini é Reitor daUNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo dasMudanças Climáticas de São Paulo.





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