Seja bem vindo
Santa Bárbara,29/04/2024

  • A +
  • A -
Publicidade

Desespero só piora

Desespero só piora

Pareceque alguns acordaram tarde. Não deram ouvidos aos cientistas que, há décadas,vinham alertando sobre os efeitos desastrosos do aquecimento global. Um delesera o de que o nível do mar aumentaria. Cidades litorâneas seriam engolidaspelos resultados do degelo das calotas polares.

 

Agora,tentam alargar as praias, querendo retomar ao oceano o que é dele. Em váriospontos do litoral brasileiro verificam-se dispendiosas obras de intervenção naspraias. Santa Catarina parece o Estado mais empenhado em contar com o acréscimode orla, pois o turismo é uma indústria poderosa.

 

Essatentativa é ilusória. Tem vida curta. Prevê-se a criação de degraus na areia eprejuízos à biodiversidade marinha. A pressa em mostrar resultados,principalmente em ano eleitoral, faz com que não sejam aguardados os resultadosdas análises dos impactos socioambientais. Estes duram mais do que a obra,feita a toque de caixa.


Jurerê,no litoral catarinense, é a proposta mais ambiciosa. Aumento da faixa de areiaem 3,38 km. Um volume dragado de 491,2 mil metros cúbicos de areia e, apósterminada, uma faixa de trinta metros, a um custo aproximado de vinte e cincomilhões de reais.


Nãofoi por falta de aviso. Agora em outubro de 2023, pesquisadores da UniversidadeFederal de Santa Catarina emitiu nota técnica pretendendo a reversão do usodessa engenharia. Não se compreende ainda, ao menos integralmente, os efeitos queesse acréscimo artificial causará. Um dos mais prováveis é a ameaça à atividadepesqueira. Pois a obra depende de ser dragado o fundo marinho, detentor de umabiodiversidade ainda desconhecida.


Nãoé simples pretender “reformar” as praias, que são obra da Providência e nãoproduto humano. Se o aquecimento global não cessar, o fenômeno da invasão dasmargens pelo mar será irreversível. Toda vez que o homem se propõe a substituiro Criador – ou a natureza, para os agnósticos – isso não dá certo. Agora odesespero de quem vê desaparecer a orla e afugentar o turismo, com a erosão quechegará até à indiscriminada edificação em zona que deveria ter sidopreservada, custa milhões para uma população já assustada com a cargatributária de um país que reserva cinco bilhões para propaganda eleitoral ecujos parlamentares gastaram fortuna em autopromoção no ano de 2023. Odesespero deveria gerar outras soluções para problemas que derivam dainconsequência humana. Mas a humanidade é assim mesmo. Será um defeito defabricação?

 

José Renato Nalini é Reitor daUNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo dasMudanças Climáticas de São Paulo.   





COMENTÁRIOS

LEIA TAMBÉM

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login